quarta-feira, 2 de junho de 2010

A Carta - 02-12-1997 MINEÁPOLIS - usa

A neve cai. Estou quase só.
O silêncio só é interrompido, pelos sonhos da Gabrielle , que dorme como um anjinho.
E suspira, geme,espreme e chora baixinho no carrinho.
Olho lá fora e sinto como é desolado quando faz muito frio.
A neve caindo, parece pequenos insetos brancos esvoaçando. Aos poucos, vai cobrindo todo o verde da praça.
As únicas coisas que se movem, são as bandeirolas, as quais, eu acho que foram colocadas lá, para acusar que está ventando, pois as árvores estão totalmente sem folhas.
As pessoas, acho que estão dormindo. Só de vez enquando surge um carro e desce alguém todo encapotado. Nem olha para os lados. Não vê que estou na janela a observar; quer mais, é se esconder do frio.
Chego mais perto da janela. O gramado já está todo branco. Nesse momento ouço um gemidinho da minha neta, que continua a dormir como um anjinho, toda agasalhadinha.
Agora são quinze horas aquí. Penso em você. Aí são dezenove haras. Sinto um gelo percorrer meu corpo... um desejo louco de abraçá-lo, uma vontade imensa de unir meu corpo ao seu...e... ... ...
Mas você está tão distante... Só uma viagem astral resolveria o meu caso.
Continuo vendo a neve cair. É tão bonito! Mas dá uma impressão de solidão, de falta
de vida...
Nem um pássaro, nem uma borboleta para alegrar minha visão...
E o branco aumenta conforme o tempo passa. O silêncio é tão grande, que seria possível, ouvir o som de uma lágrima caindo.
Mas eu não choro, porque sei que você se sente tão só quanto eu. Sinto que nosso amor não é gelado como a neve.
Embora seja imensa a distância que nos separa, o frio que faz aquí e o calor que faz aí, contrabalanceiam o amor que sentimos um pelo outro.
E nada se perde no tempo nem no espaço. Somos duas almas que DEUS uniu e nada nem ninguém nos separa.
É incrível... a neve virou chuva!O verde voltou a aparecer. E, nessa tarde sombria em que resolví lhe escrever...podemos contar menos um dia que falta para a gente se ver...


Maria José L. Druziani

Nota:- Não enviei essa carta. Resolvi´publicá-la, por que ela é muito real. Cada vez que a releio, revejo a paisagem, como ela estava naquele dia... É muito linda !!!

Um comentário:

  1. Minha querida mãe, sou poesia é muito linda, mas ao mesmo tempo muito triste. Bj

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